O SESC/GO – Fecomércio e a União Brasileira de Escritores (UBE) Seção Goiás realizam nos dias 28 e 29 de agosto de 2023, das 18h às 20h, o “Simpósio Dostoiévski: 200 Anos”, no Teatro do SESC Centro, situado na rua 15 esq. com Rua 19 em Goiânia. O evento é gratuito e com vagas limitadas e as inscrições já estão abertas.

O evento conta com o apoio cultural de O POPULAR – 85 Anos, da Academia Goianiense de Letras (AGnL) e apoio de marketing da empresa Kallas Mídia Out Of Home.

Exploração Literária Profunda:

Um olhar aprofundado sobre a vida e obra do renomado escritor russo Fiodor Dostoiévski, proporcionando uma compreensão completa de suas obras mais emblemáticas.

Intercâmbio Intelectual:

Palestrantes experientes – Elena Vássina, Maurício G. Righie e José Donizete Fraga, compartilharão insights sobre Dostoiévski, estimulando debates e discussões sobre a obra do autor russo.

Cultura e Conexão:

Uma oportunidade única de gerar conecções da comunidade goianiense com a literatura universal, explorando a criação literária e estabelecendo conexões com outros entusiastas das letras.

O Simpósio

O Simpósio tem como objetivo divulgar a obra do mais famoso escritor russo Fiodor Dostoiévski (1821-1881) e de sua fortuna crítica, durante dois dias, através de palestras e debates, com a participação de renomados estudiosos do tema, e com isso atingir os seguintes objetivos:

Esta é uma chance de reabilitar as celebrações que não foram possíveis de modo presencial em 2021, por conta da pandemia do Covid-19, sendo esta oportunidade a primeira atividade presencial em torno do homenageado. Assim, em dois dias de atividades, eméritos palestrantes falarão sobre a obra do autor russo e terão chance de debater com escritores locais e com o público em geral.

O Simpósio contará com os seguintes palestrantes convidados: Elena Vássina, Maurício G. Righi e José Donizete Fraga.

 

Elena Vássina, professora, pesquisadora e ensaísta russa, falará sobre o “Universo literário e filosófico de Fiódor Dostoiévski”.  A palestrante resume assim sua palestra:

“Atraindo um número cada vez maior de interessados, influenciando gerações de escritores e pensadores de diversas áreas, as obras de F. Dostoiévski (1821-1881) têm uma amplitude e uma impressionante atualidade nem sempre presente para leitores de hoje. A criação de Dostoiévski é tão profunda e complexa que continua a ser um estimulante desafio a estudiosos das mais diversas áreas do conhecimento científico, artístico e cultural. A palestra propõe a análise das principais características do universo literário e filosófico de Dostoiévski com foco nos seus mais importantes romances: “Crime e castigo”, “O idiota”, “Os demônios” e “Os irmãos Karamázov”.  Na nossa abordagem estarão tanto as questões da poética (sistema de personagens, composição, tempo e espaço (o cronótopo), quanto as principais vertentes da problemática da criação de Dostoiévski: seu conteúdo ideológico, filosófico e psicológico.”

Dostoiévski, o profeta da Modernidade – Uma reflexão sobre o apocalipse

 

No segundo dia do Simpósio, Maurício Righi abordará o tema do apocalipse na obra do autor russo, trazendo ao debate a leitura que vem fazendo desde seu livro de 2019 – “Sou o primeiro e o último” em que se vale da teoria do escritor francês René Girard para aprofundar a leitura de Dostoiévski. Escritor e autor de “Pré-História e História” e de “Sou o primeiro e o último” e tradutor de diversas obras, Mauricio faz uma leitura original do autor russo sob a inspiração do grande crítico e pensador francês René Girard, gerando um dos mais importantes estudos em teoria mimética e apocalipse, no qual Dostoiévski tem um papel relevante. Righi resume assim sua intervenção no Simpósio:

“A modernidade soube reajustar a atividade profética segundo um dispositivo criativo que ela mesma gerou, o Romance. Ambos nasceram praticamente juntos e foi desse corpo, em que se anunciava uma renovação na ciência de expressar os dramas e as inquietudes humanas, que surgiu outra maneira de fazer profecia. Essa antiga ocupação sumamente reflexiva e corajosa, uma forma bastante rigorosa de pensar as relações que os homens têm uns com os outros como também com aquilo os ultrapassa, entrou em renovado processo de articulação e de desenvolvimento internos, quando tivemos safras abundantes de escritores que nos mostraram “as coisas ocultas,” em cuja face revelada, por meio de histórias romanceadas, descobrimos, um pouco mais e melhor, quem somos. Esses autores-profetas nos revelaram e ainda nos revelam, desnudando nossas loucuras e descaminhos, nossas ilusões e vaidades, mas também, em certos momentos, nossa grandeza. Talvez, e aqui me amparo em alguns gigantes com a mesma opinião, Fiódor Dostoiévski tenha sido mais inspirado autor moderno desse gênero de escrita, que revela quem somos e o que estamos fazendo, e o autor russo não somente leu com perfeição a sociedade em que vivia como também foi capaz de antecipar muitos de seus principais desdobramentos: ele enxergava o que se ocultava nas entranhas dos relacionamentos humanos, enxergava as correntes de pensamento e onde se modelavam, enxergava, enfim, como um bom profeta, os “descaminhos do povo,” alertando sobre o desastre premente. E assim foi.

Maurício destaca ainda: “Em minha exposição para o evento organizado pelo amigo, escritor e jornalista Adalberto de Queiroz farei uma defesa de Dostoievski como o profeta moderno por excelência, valendo-me sobretudo das reflexões do teórico francês René Girard sobre o autor russo. Nesse sentido pretendo mostrar como tanto Dostoiévski como Girard são autores fundamentalmente apocalípticos, como ambos se alinharam, cada um a seu modo, a uma inteligência antropológica que revela o “coração” dos homens, podendo então estabelecer julgamentos (leia-se, discernimentos) realmente precisos sobre os dramas sociais. Minha ênfase, todavia, será colocada em Dostoiévski, principalmente em três livros capitais desse autor russo: O Homem do Subsolo, Os Demônios e Os Irmãos Karamazov, com os quais abordaremos a questão do super-homem moderno e suas rivalidades crescentes. Por fim, como remate à nossa reflexão, nos caberia, penso, articular as apreensões de Dostoiévski com o tema propriamente distinto do apocalipse e de sua literatura, a apocalítica, iniciando uma breve discussão com base em alguns pontos de meu livro “Sou o Primeiro e o Último” (Editora É Realizações), lançado em 2019.

Também no segundo dia do Simpósio, teremos a oportunidade de ouvir a palestra do escritor goiano José Donizete Fraga, membro da Academia Goianiense de Letras que falará sobre o tema “Dostoiévski e o Homem Fraturado”, quando dissertará sobre o tema de seu Mestrado, abordando a escrita de Dostoiévski e a quebra do homem, tangenciando temas como; Livre-arbítrio. Dissonância. Queda e Redenção. Metanoia e Transcendência.

MINIBIOGRAFIAS dos palestrantes:

Elena Vássina

Professora

Pesquisadora e ensaísta russa, formada na Faculdade de Letras da Universidade Estatal de Moscou Lomonóssov (MGU). Elena tem o título de Mestrado em Literatura Comparada pela Universidade Estatal de Moscou, de Doutorado em História e Teoria de Arte e Pós-doutorado em Teoria e Semiótica de Cultura e Literatura pelo Instituto Estatal de Pesquisa da Arte (Rússia). Ela é organizadora, autora e tradutora dos livros “Tipologia do simbolismo nas culturas russa e ocidental”, “O cadáver vivo”, de L. Tolstói, “Liev Tolstói: Os últimos dias”, “Teatro russo: literatura e espetáculo”, “Stanislávski: Vida, obra e Sistema”, “Eugênio Onêguin”, de A. Púchkin, entre outros. Foi finalista do prêmio Jabuti e do prêmio Aplauso Brasil. Atualmente trabalha como professora dos cursos de graduação e de pós-graduação da USP, participando nos projetos da pesquisa em Literatura e Cultura Russa e orientando mestrandos e doutorandos.

Maurício G. Righi

Autor e Escritor

Graduado em História pela USP e mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com pesquisa sobre a relação entre religião e cultura no universo arcaico. Doutorando em Ciências da Religião pela PUC-SP, é pesquisador da pré-história e do mundo antigo. Integra o NEMES (Grupo de Pesquisa em Ciências da Religião da PUC) e mantém um grupo de estudos sobre a obra e o pensamento de René Girard. Escreve e faz traduções em crítica social, história, antropologia, filosofia, exegese bíblica e teologia. De sua autoria, a É Realizações Editora já publicou Theodore Dalrymple – A ruína mental dos novos bárbaros e, neste ano de 2023, acaba de lançar O Sábio de Malvern Hills – O espiritualismo histórico de Christopher Dawson.

José Donizete Fraga

Autor e Escritor

Membro da Academia Goianiense de Letras, é Mestre em Literatura e Crítica Literária. Autor de A Estética da Dissonância em Fiódor Dostoiévski, Memórias da Diáspora e Cantos Subterrâneos, dentre outras obras.

Projeto e Coordenação Geral do evento - Escritor Adalberto de Queiroz, da Academia Goiana de Letras.